Monarquias Ibéricas
Portugal e Espanha possuem uma origem comum e vários pontos de sua história se encontram e estão entrelaçados. Primeiro Portugal e depois a Espanha foram precursores na formação das monarquias absolutistas na Europa, os dois primeiros Estados Nacionais europeus. É a partir do nascimento da nacionalidade portuguesa e espanhola que, os descobrimentos e a expansão ultramarina se tornaram possíveis, mudando a face do mundo conhecido e conduzindo a configuração contemporânea das relações econômicas, sociais e políticas. Assim, para entender a história da Idade Moderna é essencial conhecer a formação das monarquias ibéricas, por sua vez, sendo necessário recuar no tempo até as origens mais remotas da cultura da região. As origens da cultura ibérica. O território que hoje constitui Portugal e Espanha, rico em recursos hídricos, desde a antiguidade possui a pequena extensão montanhosa do norte fértil e as grandes planícies do sul propícias somente ao cultivo de oliveiras (azeitonas) e videiras (uva). Apesar de hoje a irrigação term solucionado a falta de terras para o plantio e pastoreio, principalmente na Espanha, um dito anedótico português medieval simboliza ainda esta característica . Atraídos pelas ricas jazidas de ouro e prata, além dos fenícios, cartagineses e gregos terminaram estabelecendo feitorias no território, embora a península fosse considerada periférica na antiguidade.
Por motivos desconhecidos, quando os romanos se converteram ao cristianismo, rapidamente os ibéricos adotaram a nova religião voluntariamente. O estilo de vida romano também foi adotado, persistindo mesmo depois da queda do Império, quando as invasões bárbaras originaram vários reinos medievais. Invadiram a península: suevos, alanos e vândalos eram a estrutura administrativa romana, a despeito do fracionamento da divisão territorial. Justamente, a partir do século V, começou a se intensificar a migração judaica para a região, sendo bem recebidos pelos reis bárbaros, passando a constituir uma casta de comerciantes e profissionais liberais que iriam financiar os guerreiros cristãos e seus reinos. Atuando principalmente como médicos, já que lidar com sangue era considerado impuro pelos cristãos.
Foi quando a península ibérica foi invadida por muçulmanos vindos do norte da África, então atraídos pelos recursos hídricos. Os mouros, como eram chamados, ocuparam o sul e empurraram os cristãos cada vez mais para o norte, embora tenham assimilado a população nativa e facultado a liberdade religiosa. Após a invasão muçulmana, quase imediatamente começou o período da reconquista, a ponto de, um terço já ter sido tomado de volta pelos cristãos. Através da reconquista, a cruzada contra o islã convocada pelo Papa¸ surgiria Portugal e Espanha, caracterizados por uma cultura.
O cruzado franco D. Henrique obteve grande sucesso na continuidade da reconquista, frustrando o plano do primo D. Raimundo de reaver o condado, isto apesar do primeiro ser vassalo do segundo. Quando o filho de D. Henrique nasceu, em 1108, o infante D. Afonso Henriques, futuro primeiro rei de Portugal, foi iniciado o processo de centralização que daria origem a primeira monarquia nacional europeia. D. Afonso Henriques, como seu pai. D. Henrique de Borgonha, foi intitulado, pelos seus méritos como guerreiro, “o melhor cavaleiro do mundo”, mantendo um estado permanente de tensão com os reis de Leão e Castela, além da continuidade da guerra com os mouros. As provocações foram se avolumando, quando, por exemplo, o neto de D. Afonso VI, filho de D. Raimundo, foi coroado imperador de toda a Europa pelo Papa, um titulo mais honorifico que real.
O apoio francês a Castela foi devido à ligação dos nobres da França com a dinastia de Borgonha, representando uma tentativa de impedir sua substituição pelos Avis. A batalha de Aljubarrota, em quatorze de agosto de 1385, foi o marco que possibilitou a ascensão de Avis ao trono, embora combates esporádicos entre portugueses e castelhanos tenham sido registrados até 1411. Coroado rei, D. João mandou construir o mosteiro da Batalha, no local do evento, para comemorar a vitória, um símbolo do poder da nova dinastia de Avis. Isto porque surgiu, sob a coroa de D. João I, uma nova dinastia em Portugal, Avis, a qual substituiu a linhagem original de Borgonha. O novo rei tratou de organizar o Estado português, enquanto D. Nuno Álvares Pereira comandou as tropas, tornando-se o maior proprietário de terras do reino e o homem mais poderoso depois de D. João. O nascimento e consolidação do Estado Nacional espanhol. A formação da Espanha tem em comum com Portugal o passado vivido na antiguidade e em boa parte da Idade Média, contudo, existem diferenças significativas na consolidação do Estado Nacional espanhol. Cabe lembrar que, durante o período do domínio romano, na antiguidade, o território que formaria a Espanha constituiu a província da Hispânia, palco da primeira guerra Púnica, entre 264 e 241 a.C. Depois da queda de Roma e das invasões bárbaras, os visigodos terminaram construindo um Império ao dominar a província.
Religião
Os visigodos, assim como outros povos germânicos, originalmente seguiam o que é hoje conhecido como paganismo germânico. No início da Idade Média, os germânicos foram lentamente se convertendo ao cristianismo, mas muitos elementos da cultura pré-cristã permaneceram firmes após o processo de conversão.
Os visigodos, ostrogodos e vândalos foram cristianizados enquanto ainda viviam fora dos limites do Império Romano; no entanto, adotaram o arianismo, uma visão cristológica da igreja primitiva, considerada herética pelo catolicismo ortodoxo, desde o Primeiro Concílio de Niceia, em 325.
Existia, portanto, uma diferença religiosa entre os povos católicos da Hispânia e os visigodos, que professavam o arianismo. Os visigodos ibéricos mantiveram-se arianistas até 589.6. Existiam também divisões profundas entre a população católica da Península, anteriores à chegada dos visigodos. Logo no início do pontificados do Papa Leão I, nos anos 444-447, Turribius, Bispo de Astorga, enviou a Roma um memorando avisando sobre a sobrevivência do priscilianismo, uma corrente ascética, pedindo auxilio à Santa Sé. Leão VII interveio, enviando um conjunto de normas que cada bispo deveria assinar: todos o fizeram. Contudo, um segmento significativo das comunidades cristãs ibéricas afastava-se da hierarquia ortodoxa e considerava bem vinda a tolerância dos Visigodos arianos.
Os visigodos evitavam interferir entre os católicos mas estavam interessados no decorum e na ordem pública. Em 589, o rei Recaredo I converteu o seu povo ao catolicismo. Com a conversão dos reis visigodos, os bispos católicos aumentaram o seu poder até, no quarto Concílio de Toledo, em 633, tomaram para si o direito dos nobres, de escolher um rei entre a família real. A perseguição visigótica aos judeus começou após a conversão de Recaredo, quando em 633 este mesmo sínodo de bispos declarou que todos deveriam ser batizados.
Política
Portugal foi um dos primeiros países da Europa a consolidar um governo forte, centralizado na pessoa do rei. A formação da Monarquia Portuguesa iniciou-se nas lutas pela expulsão dos árabes que, desde o século VIII, ocupavam a península Ibérica. Essas lutas ficaram conhecidas como guerras de Reconquista.
Durante o domínio árabe, os povos cristãos ficaram restritos ao norte da península. A partir do século XI, pouco a pouco eles conseguiram ampliar seu território. Foram fundados, então, vários reinos, entre os quais Aragão, Navarra, leão, Castela. Com isso os muçulmanos começaram a recuar em direção ao litoral sul.
Durante as guerras de Reconquista, destacou-se o nobre Henrique de Borgonha. Como recompensa, ele recebeu do rei de Leão e Castela, Afonso VI, a mão de sua filha e as terras do condado portucalense.
O filho de Henrique de Borgonha, Afonso Henriques, proclamou-se então rei de Portugal em 1139, rompendo os laços com Leão e Castela. Tinha início, assim, a dinastia de Borgonha. Afonso Henriques, o Conquistador, estendeu seus domínios para o sul, até o rio Tejo, e fez de Lisboa sua capital.
A formação da monarquia espanhola também está ligada às guerras de Reconquista da península Ibérica. Vimos que durante esse processo diversos reinos foram constituídos. Em 1469, o casamento de Fernando (herdeiro do trono de Aragão) com Isabel (irmã do rei de Leão e Castela) uniu três reinos. Era o primeiro passo para a formação da Espanha.
Em 1492, os exércitos de Fernando e Isabel apoderaram-se de Granada e expulsaram definitivamente os árabes da península Ibérica, consolidando a monarquia espanhola.
No século XVI, com Carlos I, a Monarquia Espanhola fortaleceu-se ainda mais.